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ENCAIXE, 2019
fotografias e poema por Giulia Borducchi

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"Flutuava no oco do mundo procurando o qualquer-que-fosse.

Qualquer que fosse o espaço, a salvaria. Falta de espaço, era como um clichê: o pedaço que falta, a metade perdida, a peça sem o seu encaixe certo.

Certo?

Será que não bastaria o encaixe?

 

Dois pedaços de coisa unindo-se sem esforço, o inter-deslizar escrito nas estrelas. O embaraçar impossível. O feito-um-para-o-outro sem deformações.


Falo do encaixe: o vazio que só há para ser preenchido; o dedo indicador e o buraco na parede; a coisa que cabe numa outra coisa.


Flutuava no oco do mundo e o qualquer-que-fosse era do tamanho exato de uma menina média e seus vinte e tantos anos de vivência interessada. Interessada porque procura e não só vive.

Então.... flutua? Sim, mas não exatamente.


O que quer que fosse, flutuava no oco do mundo e o tal espaço era na verdade um emaranhado profundo, uma confusão embaraçada de nós inteiros. Tudo faltava e tudo fazia sentido.


Amoleceu os membros e o pescoço, retorceu o tronco descompassado e entregou-se:


E-N-C-A-I-X-E."

Giulia Boducchi

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